quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Menopausa precoce exige cuidados especiais.

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Atividade física regular e dieta rica em cálcio e pobre em gordura evita problemas gerados pela ausência de hormônio

Aproximadamente três milhões de mulheres em todo o mundo - cerca de 1% da população feminina mundial - sofre com menopausa precoce antes dos 40 anos. Uma a cada cem mulheres tem sua menstruação interrompida aos 40 anos e uma, a cada mil, aos 30 anos. Normalmente, a parada de funcionamento dos ovários por esgotamento dos folículos ocorre quando a mulher está entre 45 e 55 anos de idade.

Além de anomalias cromossômicas, vários fatores podem levar à menopausa precoce. Dentre eles, o médico e professor da UFMG, Selmo Geber, aponta algumas doenças auto-imunes. " Artrite reumatóide e Miastenia gravis, por exemplo, estão associadas a uma maior produção de anticorpos que, por sua vez, podem interferir no funcionamento do ovário" , explica. Determinados tratamentos usados no combate ao câncer, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias, também podem levar ao esgotamento dos óvulos. " Até mesmo infecções graves podem levar à falência ovariana" , ressalta Geber. Mas, as causas mais comuns continuam sendo desconhecidas.

 

A menopausa precoce é bastante confundida com as causas de amenorreia - caracterizada pela ausência de fluxo menstrual durante mais de três meses seguidos. Mas, de acordo com o professor, existe uma diferença fundamental: " quando a causa da amenorreia é hormonal ou uterina, o processo é reversível, uma vez que os folículos estão mantidos dentro dos ovários. Assim, após um tratamento específico, a mulher volta a ovular, com chances reais de ter uma gestação. Já na menopausa precoce, não existem mais folículos, o organismo pára de produzir os hormônios estrógeno e progesterona e a mulher torna-se infértil" , explica.

Segundo ele, quanto mais cedo for diagnosticada a menopausa precoce, menores serão as consequências. Geber acrescenta que é importante que a mulher mantenha uma atividade física regular e uma dieta rica em cálcio e pobre em gordura, para evitar problemas gerados pela ausência dos hormônios.

Além do estilo de vida mais saudável, Geber explica que existem terapias eficazes para combater os sintomas e as conseqüências da menopausa precoce. " Mas, é bom lembrar que a terapia de reposição hormonal pode ajudar no alívio dos sintomas incômodos do climatério, mas não tem eficácia alguma quando a intenção é engravidar" , destaca.

A medicina ainda não descobriu uma técnica capaz de recriar óvulos após seu esgotamento. No caso de desejo de gravidez, a alternativa é se usar a técnica de doação de óvulos e fertilização in vitro. O médico explica que o útero é preparado utilizando-se o medicamento valerato de estradiol e, quando o óvulo doado é inseminado com espermatozóide do cônjuge, é iniciado o uso de progesterona. Dessa forma, mimetiza-se os fenômenos endometriais ocorridos durante o ciclo menstrual fisiológico, preparando-o para a implantação. " A taxa de gravidez será semelhante à obtida pela doadora" , esclarece.

Outra alternativa seria a preservação dos mesmos antes de seu esgotamento.Geber explica que alguns métodos podem ser empregados, como o congelamento de fragmentos de tecido ovariano que contém os óvulos ou mesmo os próprios óvulos. " Antes de o ovário deixar de produzir folículos, é possível retirar um óvulo, congelá-lo para, futuramente, implantá-lo no útero, depois de fecundado in vitro. No momento, essas técnicas são realizadas em caráter experimental" , finaliza o especialista.

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